sábado, 18 de dezembro de 2010

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


Matérias / Igreja

Matrículas sempre abertas

Escola Bíblica Dominical enfrenta crise, mas ainda é vista como elemento fundamental da Igreja Evangélica.

Por Tatiana Piva

Domingo é dia de escola! Pelo menos, para milhões de crentes que saem de suas casas no chamado dia de descanso a fim de aprender a Palavra de Deus. A Escola Bíblica Dominical (EBD) é a maior e mais democrática instituição de ensino do mundo. Ela abre suas portas a qualquer pessoa, independentemente de idade, classe social ou nível de instrução. Gratuita, oferece a todos a oportunidade de ampliar seus horizontes de conhecimento e espiritualidade. É ali que muita gente senta-se pela primeira vez em um banco escolar, e é nela que pessoas sem qualquer instrução formal podem tornar-se mestres. Além disso, a EBD está diretamente ligada à história das igrejas evangélicas no Brasil, já que foi implantada ainda em meados do século 19, época em que as primeiras denominações protestantes de missão chegaram ao país. Pode-se dizer que a Igreja Evangélica, por aqui, nasceu de mãos dadas com a Escola Dominical.

Até o início da década de 1980, quando a liturgia das igrejas históricas ainda predominava, a EBD era tão cara ao domingo quanto o próprio culto público, a ponto de se apropriar naturalmente da nomenclatura “dominical”. Em inúmeras congregações, as atividades matinais concentram-se no estudo bíblico, conferindo à Palavra de Deus um papel de centralidade na vida dos crentes. Sempre houve discussões quanto à pedagogia e ao conteúdo, é verdade; mas, a despeito do formato e das metodologias aplicadas, matricular-se em uma das classes era o que se esperava de todo e qualquer membro da congregação, fosse veterano ou novo convertido.

Todavia, por volta de trinta anos atrás, teve início uma espécie de crise. Algumas denominações mais novas, notadamente as de linha neopentecostal, acharam por bem substituir a boa e velha Escola Dominical por outras atividades, ou simplesmente aboli-la. A justificativa, correta em parte, era de que o modelo estava desgastado. Em muitas igrejas, de fato, as manhãs de domingo transformaram-se em enfadonhos encontros, onde temas com pouca conexão com a realidade e a vida dos crentes eram abordados. Mas a pergunta é: por mais que a EBD precise de renovação e dinamismo, alguém conseguiu inventar coisa melhor? Se depender das igrejas mais tradicionais, a resposta é a mesma – ou seja, um retumbante “não”. Muitas denominações continuam adeptas do modelo tradicional de Escola Dominical e reiteram que seus frutos são benéficos aos cristãos, mesmo em pleno século 21, época de tantas modernidades. “Acredito que ela é a mais importante agência de aprendizado bíblico e de evangelização da Igreja”, afirma Rute Bertoldo Vieira Moraes, pastora, redatora e coordenadora do Departamento Nacional de Escola Dominical da Igreja Metodista. “Muitas igrejas surgiram a partir da EBD, especialmente através do trabalho com crianças”, confirma.

Material abundante­ – Não existem estatísticas, nem mesmo denominacionais, para indicar se a frequência à Escola Dominical está mesmo em queda, como se queixam tantos pastores e educadores cristãos. Mas ninguém tem dúvidas de que a instituição esta longe da extinção. E, mesmo não sendo uma unanimidade, ela continua contando com forte apoio entre os evangélicos. Segundo a teóloga Lilia Dias Marianno, mestre em ciências da religião e assessora do Departamento de Educação da Convenção Batista Brasileira (CBB), as pessoas podem estar desacreditadas da igreja, mas não das Escrituras. “O amor pela Bíblia está aumentando nesses últimos dias”, entusiasma-se. “Mas há muitas igrejas que não estão vivendo a Palavra de Deus e, por isso, também não conseguem suprir a necessidade das pessoas”, opina. Por essa razão, variados ministérios seguem investindo na EBD como principal ferramenta de discipulado. Uma das maneiras encontradas para se fazer isso tem sido através das editoras das próprias denominações, as quais têm colaborado com a publicação de materiais e organização de eventos para formação de professores.

A Assembleia de Deus, maior confissão evangélica do país, constitui o melhor exemplo. A Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), sediada no Rio de Janeiro, não apenas produz vasto material para alunos e professores das mais diferentes classes, como também promove encontros nacionais para educadores. Esses congressos, de grande porte, atraem professores e dirigentes de ensino bíblico de diversas denominações, interessados no know-how de uma igreja que já caminha para 100 anos de fidelidade às Escrituras. Outras instituições eclesiásticas fazem o mesmo, elaborando e publicando o próprio material educativo. As igrejas batistas contam com a Junta de Educação Religiosa e Publicações (Juerp); já a Editora Cultura Cristã é responsável pelas lições dos presbiterianos; e as igrejas metodistas também dispõem de material próprio de EBD. Em todos os casos, os currículos são elaborados de acordo com a ortodoxia da doutrina cristã e as particularidades teológicas de cada grupo.

“Preparamos uma matriz que apresenta a divisão dos temas, sua distribuição e seu detalhamento ao longo dos anos”, explica Cláudio Antônio Batista Marra, teólogo, jornalista e editor da Editora Cultura Cristã, de São Paulo. A casa edita e distribui material eclesiástico, respeitando cada fase do desenvolvimento etário e espiritual de seus fiéis, de modo que os alunos possam aprender e aplicar os ensinamentos na vida prática. “As idades são agrupadas em faixas para viabilizar a criação do material, sua comercialização e uso”, diz o editor. Hoje em dia, a diversidade de bons materiais é tanta que, mesmo entre as igrejas históricas, congregações locais muitas vezes optam por trocar o material da casa publicadora denominacional por lições de outras editoras, por entender que é mais adequado àquele momento – isso, quando não o produzem internamente.

Quem oferece essas lições sem traços teológicos ou eclesiológicos específicos de uma denominação precisa manter duas preocupações: com o preço final – as publicadoras independentes não contam com subsídios de igrejas, e por isso precisam produzir lucro para continuar funcionando – e com a qualidade do conteúdo. “Isso exige uma postura de vida tanto corporativa quanto individual orientada pelo paradigma da grande missão da Igreja”, afirma André de Souza Lima, editor assistente da Editora Cristã Evangélica. “Ou seja, existimos para ensinar os discípulos de Cristo a guardar todas as coisas.”

“Alimento nutritivo” – “Se a Escola Dominical fosse mais promovida, teríamos uma Igreja quatro vezes maior”, pontifica o pastor e professor Antônio Gilberto, da Assembleia de Deus, um dos mais respeitados educadores cristãos do país. Formado em psicologia, teologia, pedagogia e letras, Gilberto tem 56 anos de experiência na área e é autor de sete livros, entre eles o Manual de Escola Dominical (CPAD), considerada obra de referência. No entender de Gilberto, muitas igrejas têm sofrido com problemas devido à pouca importância que dão ao estudo da Palavra. Defensor intransigente da EBD clássica – aquela que se realiza ao menos uma vez por semana, envolvendo toda a igreja, com métodos de ensino e conteúdo –, o veterano mestre anda preocupado com o que vê no cenário evangélico brasileiro. “As igrejas precisam se conscientizar de que a educação bíblica é um investimento que merece lugar entre as prioridades da igreja”, sentencia.

Algumas denominações de surgimento mais recente, no entanto, parecem dispostas a quebrar o modelo clássico e oferecer a seus fiéis algo que entendem mais contextualizado como prática educacional e de discipulado. É o caso da Igreja Renascer em Cristo, com a sua Escola de Profetas, mais voltada para a formação de liderança. Já a Igreja Bola de Neve – denominação criada por surfistas evangélicos e que tem membresia predominantemente jovem –, por sua vez, mantém um ministério voltado para o estudo da Bíblia chamado Mergulhando na Palavra, de natureza mais informal.

De maneira geral, são duas as principais críticas às iniciativas que diferem da EBD convencional: a primeira diz respeito à confiabilidade do conteúdo ministrado; e a outra se concentra na falta de uma estrutura que contemple as necessidades específicas de cada grupo dentro da igreja. O modelo em células, por exemplo, é rejeitado por muitos especialistas religiosos no que se refere ao discipulado. Para Lilia Dias Marianno, esse modelo muitas vezes se limita a reproduzir aquilo que é dito pelo pastor nos cultos durante as reuniões na semana. “O modelo de células não produz conhecimento bíblico. Nele não há estudos consistentes das Escrituras”, critica.

Há ainda as denominações que nem mesmo possuem algo que substitua a EBD, limitando a transmissão do conhecimento bíblico às pregações nos cultos. É o caso, por exemplo, das igrejas de linha neopentecostal, comoUniversal do Reino de Deus, Mundial do Poder de Deus e a Internacional da Graça. Procuradas pela reportagem de CRISTIANISMO HOJE para dar informações a respeito do assunto, seus representantes não haviam se pronunciado até o fechamento desta edição. Como investem fortemente em mídia, principalmente em rádio e televisão, igrejas dessa linha atraem milhares de pessoas a seus templos, promovendo cultos todos os dias da semana. Mas muita gente discorda que tais ajuntamentos constituam uma forma de discipulado. “O culto é celebração, não ensinamento. O espaço de ensino bíblico é outro momento. Na Escola Bíblica Dominical, são formados discípulos; é o momento de o povo leigo sentar, estudar e buscar conhecimento”, opina Lilia.

A questão não se resume à consistência do alimento espiritual; ela passa também pela maneira como esse conteúdo é apresentado. A concorrência pela atenção do membro da igreja é forte. “Hoje em dia, as igrejas sofrem com a falta de interesse dos membros pelo estudo da Bíblia, pois existem outros atrativos mais interessantes, como louvor, festas e confraternização, sem falar na ênfase nos milagres e na solução rápida de problemas, elementos com alto apelo sensorial”, afirma Silas Davi Santos, professor de EBD dos jovens da Igreja Metodista em Itaberaba (SP). No seu entender, o verdadeiro estudo da Palavra segue na contramão disso, pois exige tempo, disciplina e dedicação. “A Escola Dominical pode e deve ajudar o cristão e aluno a manter o foco na Palavra, fomentando os ensinamentos de Jesus para que não se desvie por caminhos errados.”

Escola para a vida

A Escola Bíblica Dominical tem certidão de nascimento. Ela surgiu em 1780, na cidade inglesa de Gloucester. O jornalista evangélico Robert Raikes percebeu que muitas crianças da cidade estavam envolvidas com furtos, vícios e outros delitos. Resolvido a tentar mudar aquele quadro de perigo social, saiu pelas ruas e convidou os pequenos que encontrou a participar de uma reunião aos domingos, na qual seriam oferecidas aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática e religião. As crianças ficaram muito empolgadas e a participação foi crescendo. Em pouco tempo, os alunos não aprenderam lições apenas sobre a Bíblia, mas também acerca de moral e ética com princípios cristãos. O próprio Robert Raikes jamais poderia imaginar que aquela pequena semente se tornaria um ministério importante e estratégico para a Igreja de Cristo, oferecendo a cada crente a oportunidade de – como recomenda a própria Bíblia – conhecer e prosseguir em conhecer as Sagradas Escrituras.

Nos Estados Unidos, um dos maiores entusiastas do ensino bíblico era o editor e evangelista Dwight L.Moody. A escola dominical que montou em Chicago foi a maior de sua época, com frequência média de 650 pessoas e sessenta professores. Assim como Raikes, Moody deu especial atenção à formação cristã das crianças. Sua EBD infantil atendia a quase mil meninos e meninas, além de suas famílias. Como sinal do prestígio de seu trabalho, até o presidente americano Abraham Lincoln visitou suas instalações e falou aos alunos. O trabalho do evangelista deu origem a respeitados estabelecimentos de ensino de orientação cristã, como o Instituto Bíblico Moody e Escola Monte Hermon.

Já no Brasil, a Escola Dominical surgiu em meados do século 19. O casal de missionários escoceses Robert e Sarah Kalley instalou-se em Petrópolis, na Região Serrana fluminense, buscando ali um clima mais parecido com o deixado para trás na Europa. Erudito e bem articulado, o médico Kalley logo tornou-se interlocutor do imperador D.Pedro II. Graças às suas boas relações com o monarca, o missionário conseguiu que, pouco a pouco, as restrições à fé protestante no Império fossem abrandadas. Uma delas impedia que os grupos evangélicos se reunissem em construções com aspecto de templo, a fim de que não fossem confundidos com as igrejas católicas. Outra discriminação – a que proibia o sepultamento de protestantes em cemitérios gerais – também foi abolida. No dia 19 de agosto de 1855, a casa dos Kalley abriu-se para cinco crianças da região. Naquele dia, Sarah, que já dominava o português, deu uma aula baseada na história do profeta Jonas – aquele que fugiu de Deus e foi engolido por um peixe –, enfatizando a necessidade da obediência ao Senhor. Nascia ali a EBD em território nacional.

“Nem os pastores põem mais fé na EBD”

Entrevista exclusiva com o professor Angelo Gagliardi Jr.

O teólogo e médico Angelo Gagliardi Júnior, 53 anos, escreveu o livro Você acredita em Escola Dominical? no fim dos anos 1990, no qual debatia a crise desse modelo de ensino. Em entrevista a CRISTIANISMO HOJE, ele mostra que o tema continua atual.

CRISTIANISMO HOJE – Na década passada, quando o senhor escreveu o livro, o panorama da Escola Bíblica Dominical era diferente do de hoje?

ANGELO GAGLIARDI JR – Basicamente, os problemas são os mesmos, com o agravante de que o Evangelho é apresentado hoje numa visão mais utilitária, superficial, hedonista, sem ênfase no necessário conhecimento da Palavra e em atitudes como o arrependimento, a mudança de vida e o compromisso com o Senhor. Creio que o fato de hoje haver bem mais igrejas questionando-se e pensando em buscar alternativas seja um avanço. Isso era impensável, por exemplo, há trinta anos, quando matava-se o povo de fome com absoluta frieza em nome da tradição denominacional. O que regrediu foi o fato de ser cada vez maior o desapego ao ensino e ao manuseio da Bíblia como material central de estudo da escola. É, contudo, a Bíblia, a Palavra de Deus, o alimento, a espada, o mel, a lâmpada. Ela é insubstituível como instrumento de revelação de Deus.

Muitas igrejas promoveram mudanças na estrutura clássica da escola bíblica. Qual a sua opinião sobre isso?

É uma questão de visão, de importância, de prioridades, de filosofia. Sem que essas coisas mudem primeiro, nada dará resultado. É como colocar vinho novo em odres velhos. O problema é que ninguém mais põe fé na EBD, nem os pastores.

O que levou a isso?

Um somatório de fatores. Experiências fracassadas, estruturas arcaicas e carência de recursos didáticos e pedagógicos colaboraram para isso. Some-se a isso os modismos, a frieza espiritual de nossos dias – fato profetizado biblicamente –, a escassez de líderes e os inúmeros compromissos que hoje envolvem a liderança e o povo evangélico, e você terá um quadro pronto para o esvaziamento da EBD.

Muitas igrejas se recusam a adotar o formato convencional de EBD. Seria uma boa justificativa?

Nunca enfatizei o formato nem o apego a uma exclusiva metodologia, sequer a um único material didático acessório ou complementar. A escola está posta como ministério na Igreja para promover o conhecimento de Deus revelado em Cristo Jesus. Ela deve prover instrução, formação e a maturação do povo de Deus através do ensino, da meditação, do compartilhamento das Sagradas Escrituras.

A pergunta inevitável: como é possível resgatar o valor e a utilidade da Escola Dominical?

Só com a participação verdadeira e comprometida dos líderes e pastores das comunidades. O púlpito exalta o pregador. As sociedades internas e as células são, administrativamente falando, mais fáceis de serem gerenciadas e aliviam grande parte do descomunal peso transferido para as costas do pastor. Mas quem proverá o ensino da Palavra de forma cuidadosa, metódica, ordenada e progressiva?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

40 JOVENS POR DIA NA EUROPA...

Quarenta jovens europeus morrem por violência todo dia
21/9/2010 14:41, Redação, com agências - de Londres


Mais de 15 mil jovens morrem anualmente por atos de violência na Europa
Mais de 15 mil jovens morrem anualmente por atos de violência na Europa, disse a Organização Mundial da Saúde nesta terça-feira. Cerca de 40 por cento dessa mortes são causadas por esfaqueamento.
Em um relatório sobre a violência na Europa, a OMS afirmou que as 40 mortes que ocorrem diariamente por esfaqueamento e outros ataques são uma “perda enorme para a sociedade”, e muitas poderiam ser evitadas por políticas que unam os setores de saúde, educação e justiça criminal.
O estudo descobriu que o porte de facas é comum em muitos países europeus — cerca de 12 por cento de jovens portam facas — e os índices de assassinato são mais altos na Rússia, Albânia, Cazaquistão e muitos países do leste Europeu.
Outras formas comuns de assassinato de jovens são por tiros ou estrangulamento. A violência não-letal é muito mais comum. Para cada morte não violenta a entidade estima que 20 jovens vítimas da violência sejam internados em hospitais.
“Há muito a se ganhar adaptando a experiência de alguns dos países europeus mais bem-sucedidos na prevenção de violência”, disse Zsuzsanna Jakab, diretora-regional da OMS para a Europa, que divulgou o relatório em Londres.
Ela disse que se as autoridades aumentarem os investimentos e tiverem como foco políticas de prevenção contra a violência em diversos setores do governo, a Europa poderia salvar mais de 13 mil vidas por ano — nove em cada dez mortes violentas.
As pesquisas indicam que o “bullying” em escolas e na comunidade aumenta o risco de jovens se envolverem com a violência, mas não existe relação significativa entre o consumo de álcool ou drogas e o porte de uma arma, informou o relatório.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LEI PORCARIA

Porcaria de lei

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 24 de maio de 2007



Ilustres senhores parlamentares: Vossas Excelências podem votar, se quiserem, essa porcaria de lei que proíbe criticar o homossexualismo. Podem votá-la até por unanimidade. Podem votá-la sob os aplausos da Presidência da República, da ONU, do Foro de São Paulo, de George Soros, das fundações internacionais bilionárias, do Jô Soares, do beautiful people inteiro.

Não vou cumpri-la.

Não vou cumpri-la nem hoje, nem amanhã, nem nunca.

Por princípio, não cumpro leis que me proíbam de criticar ou elogiar o que quer que seja. Nem as que me ordenem fazê-lo.

Não creio que haja, entre os céus e a terra, nada que mereça imunidade a priori contra a possibilidade de críticas. Nem reis, nem papas, nem santos, nem sábios, nem profetas reivindicaram jamais um privilégio tão alto. Nem os faraós, nem Júlio César, nem Átila, o huno, nem Gengis Khan ambicionaram tão excelsa prerrogativa. O próprio Deus, quando Jó lhe atirou as recriminações mais medonhas, não tapou a boca do profeta. Ouviu tudo pacientemente e depois respondeu. As únicas criaturas que tentaram vetar de antemão toda crítica possível foram Adolf Hitler, Josef Stálin, Mao-Tse-Tung e Pol-Pot. Só o que conseguiram com isso foi descer abaixo da animalidade, igualar-se a vampiros e demônios, tornar-se alvos da repulsa universal.

Nada é incriticável. Quanto mais o simples gostinho que algumas pessoas têm de fazer certas coisas na cama.

Nunca na minha vida parei para pensar se havia algo de errado no homossexualismo. Agora estou começando a desconfiar que há. Nenhuma coisa certa, nenhuma coisa boa, nenhuma coisa limpa necessita se esconder por trás de uma lei hedionda que criminaliza opiniões. Quem está de boa intenção recebe críticas sem medo, porque sabe que é capaz de respondê-las no campo da razão, talvez até de humilhar o adversário com a prova da sua ignorância e má-fé. Só quem sabe que está errado precisa se proteger dos críticos com uma armadura jurídica que aliás o desmascara mais do que nenhum deles jamais poderia fazê-lo. Só quem não tem o que responder pode pedir socorro ao aparato repressivo do Estado para fugir da discussão. E quanto mais se esconde, mais põe sua fraqueza à mostra.

Sim, senhores. Nunca, ao longo dos séculos, alguém rebaixou, humilhou, desmascarou e escarneceu da comunidade gay como Vossas Excelências estão em vias de fazer.

As pessoas podem ter acusado os homossexuais de fingidos, de ridículos, de tarados, de pecadores. Ninguém jamais os qualificou de tiranos, de nazistas, de inimigos da liberdade, de opressores da espécie humana. Vossas Excelências vão dar a eles, numa só canetada, todas essas lindas qualidades.

Depois não reclamem quando aqueles a quem essa lei estúpida jura proteger se tornarem objeto de temor e ódio gerais, como acontece a todos os que tomam de seus desafetos o direito à palavra.

Quem, aprovada a PLC 122/ 06, se sentirá à vontade para conversar com pessoas que podem mandá-lo para a cadeia à primeira palavrinha desagradável? Os homossexuais nunca foram discriminados como dizem que o são. Graças a Vossas Excelências, serão evitados como a peste.

HOMOFOBIA NÃO É O QUE ESTÃO DIZENDO POR AI.... LEIAM!

Metáfora punitiva

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio (editorial) , 23 de maio de 2007



O dicionário Longman's, um dos mais atualizados da língua inglesa, define “homofobia” como “medo e ódio aos homossexuais”. O termo foi introduzido no vocabulário do ativismo gay pelo psiquiatra George Weinberg, no livro Society and the Healthy Homosexual (New York, St, Martin's Press, 1972) para designar o complexo emocional que, no seu entender, seria a causa da violência criminosa contra homossexuais.

Até hoje os apologistas do movimento gay não entraram num acordo sobre se existe ou não a homofobia como entidade clínica, comprovada experimentalmente. Uns dizem que sim, outros que não.

O que é absolutamente impossível provar, por meios experimentais ou por quaisquer outros, é que toda e qualquer rejeição à conduta homossexual seja, na sua origem e nas suas intenções profundas, substancialmente idêntica ao impulso assassino voltado contra homossexuais.

No entanto, é precisamente isso o que o termo significa quando aplicado ao Papa, ao deputado Clodovil Hernandez ou a qualquer outro cidadão de bem, hetero ou homo, que sem nem pensar em agredir um homossexual se limite a expressar educadamente suas reservas, já não digo nem quanto ao homossexualismo em si, mas simplesmente quanto às pretensões legiferantes do movimento gay . Em seu livro A History of Homophobia , que pode ser lido na internet , o ensaísta Rictor Norton, um apologista da homossexualidade, é bem franco sob esse aspecto: “Com muita freqüência, a palavra ‘homofobia' é apenas uma metáfora política usada para punir.”

“Homofóbico” é termo que só pode ser usado de maneira descritiva e neutra quando referido estritamente aos criminosos que o dr. Weinberg tinha em vista ao cunhar a expressão. Aplicado a quaisquer outras pessoas, é propositadamente pejorativo e insultuoso. Foi calculado para ferir, humilhar, rebaixar, intimidar – e, pior ainda, para fazer tudo isso com base na inflação metafórica de um termo médico que nem mesmo na sua acepção originária correspondia a uma realidade comprovada. Não é só um insulto. É um insulto e uma fraude. Mas, uma vez que o uso repetido tenha dessensibilizado o público de modo a que ele não perceba a fraude, passa-se à etapa seguinte do embuste: associada a mera expressão racional de opiniões a uma conduta psicopática e assassina, trasmuta-se o sentido metafórico em sentido literal, e a suposição insultuosa se torna prova do crime: toda e qualquer objeção às exigências do movimento gay será punida com pena de prisão.

A gravidade do insulto, em si, é monstruosa, e qualquer pessoa que o sofra pode e deve processar criminalmente o atacante antes que este, usando seu próprio crime como prova contra a vítima, a processe por “homofobia”. Toda e qualquer acusação de “homofobia”, se não dirigida a autor comprovado de crime violento contra homossexuais, é crime de injúria, difamação e calúnia, acrescido do uso fraudulento da justiça como instrumento de perseguição política.

Se as vítimas dessa fraude não reagirem contra ela, acabarão indo para a cadeia por motivos metafóricos.

O SENTIDO REAL DA HOMOFOBIA

Debate pré-moldado

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 29 de março de 2007



“Moldar o debate” é a técnica usada por grupos de interesse para impedir que as discussões públicas apreendam a substância dos problemas e canalizá-las numa direção forçada, postiça, previamente calculada para servir aos objetivos do grupo.

Nos anos 70, essa técnica tirou os EUA do Vietnã, deixando o caminho livre para que os comunistas assassinassem três milhões de civis ali e no vizinho Camboja. O truque foi desviar a discussão do problema central -- a ameaça vietcongue – e concentrá-la no estereótipo da “paz”. A paz acabou matando quatro vezes mais gente do que a guerra, mas quem liga para isso?

Pelos mesmos meios foi liberado o aborto, escamoteando a questão essencial – o que é e como se faz um aborto – e fixando o debate na “liberdade de escolha”. Com ajuda de estatísticas falsas (o número de mulheres mortas em abortos ilegais nos EUA foi artificialmente esticado de 250 para dez mil por ano), a militância abortista dessensibilizou a opinião pública para o fato de que se tratava de matar, por meios inconcebivelmente cruéis e dolorosos, milhões de crianças aptas a sobreviver fora do ventre de suas mães a partir do quinto mês de gestação.

Uma nova fraude em massa está em vias de se consumar, agora no Brasil, pelo uso do mesmo engodo. O movimento gay planeja tornar o homossexualismo, por lei, a única conduta humana superior a críticas. É a pretensão mais arrogante e ditatorial que algum grupo social já acalentou desde o tempo em que os imperadores romanos se autonomearam deuses. Aprovada a PL 5003/2001, os brasileiros poderão falar mal de tudo – dos políticos, dos vizinhos, do capitalismo, da religião, de Deus, do diabo. Mas, se disserem uma palavra contra aquilo de que os homossexuais gostam, irão para a cadeia.

Esse é o sentido da lei, essa é a substância da proposta. Mas é proibido discuti-la. É obrigatório ater-se à escolha estereotipada entre “homofobia” e “anti-homofobia”. Homofobia, a rigor, é um sintoma psiquiátrico raríssimo. Quantas pessoas você conhece que têm horror aos homossexuais ao ponto de querer surrá-los ou matá-los pelo simples fato de serem homossexuais? Fazer da “homofobia” o centro do debate é obrigar todo mundo a chamar por esse nome pelo menos três coisas que não têm nada a ver com homofobia: a repulsa espontânea que a idéia de relações com pessoas do mesmo sexo inspira a muitos heterossexuais, repulsa que não implica nenhuma hostilidade ao homossexual enquanto pessoa e aliás é análoga à que tantos homossexuais têm pelo intercurso hetero, sem que ninguém os chame de “heterofóbicos” por isso; as objeções religiosas ao homossexualismo, que vêm junto com a proibição expressa de odiar os homossexuais; e a oposição política às ambições do grupo gay , tal como exemplificada neste mesmo artigo. Reunir tudo isso sob o nome de “homofobia” já é criminalizar a priori qualquer resistência ao desejo de poder da militância homossexualista, já é impor a lei antes de aprovada, manietando o debate por meio da intimidação e da chantagem. É embuste consciente e premeditado. A mídia nacional quase inteira é culpada disso.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

APRENDER A MORRER
Ronei Costa Martins - vereador PT.

Na vida há assuntos intrínsecos à condição humana que evitamos, como se fosse possível distanciá-los pelo simples fato de não se pensá-lo. Comigo nunca foi assim. Fico intrigado com aquilo que as pessoas insistem em não querer discutir e vasculho uma resposta que possa aquietar o coração. Nem sempre consigo, aliás, na maioria das vezes não consigo! É assim com a morte.

Esta senhora inevitável personagem importante nas religiões baseadas na teologia do medo é a protagonista de inúmeras produções literárias, musicais, audiovisuais e ensaios filosóficos, tudo visando satisfazer a ânsia de melhor compreendê-la.

Como se sabe é sempre mais fácil tratar deste assunto quando não se está diante da perda de alguém querido, afinal a elaboração do luto em si exige que vivamos o momento sem divagações impertinentes, como as que faço aqui. Então, sem a pretensão de ter a resposta certa, traço estas linhas, antes que seja tarde.

Proponho a seguinte pergunta: Quem sou eu? Se a resposta for ancorada na aparência física, altura, cor dos olhos, cabelos e pele, peso, etc, certamente quando morrer deixarei de existir definitivamente. Agora, se a resposta basear-se nos valores e sentimentos que alicerçam a minha vida, tendo no corpo apenas o espaço físico no qual a essência se manifesta, e se ainda eu for capaz de transmitir esta mesma essência aos que me rodeiam, a morte passa a ser apenas o revelar da verdadeira essência onde a existência passa a acontecer sob outra forma, não mais a corpórea, mas desprendida, livre, quase sem forma, conforme os valores semeados enquanto corpo. É a essência finalmente mudando de morada, habitando n’outros corações.

Figura emblemática é o próprio Cristo. A despeito dos dois milênios que nos separam de sua existência física (material), ainda buscamos nos orientar a partir de seus valores. Eis aí a prova cabal de que Ele mostrou ser possível vencer a morte, numa linguagem cristã, ressuscitar.

É claro que não é tão fácil assim, afinal, a nossa cultura ocidental introjeta conceitos que nos prendem à certa materialidade, deixando-nos incapazes de perceber coisas cuja compreensão exige certo desprendimento. Estamos muito ligados àquilo que se pode capturar pelos sentidos e distantes da energia essencial exalada por todos e cada um. Talvez por isso seja tão difícil discutir a morte.

Enfim, eis a magia: Numa contradição intrigante a noção de morte promove a vida na medida em que se deseja realizar coisas que possam transpirar as nossas crenças para além morte, transcendendo o corpo frágil, ligando-nos ao passado e ao futuro, de modo que se possa repensar o que se foi e antecipar o que se deseja, ou seja, a civilização do amor. Somos, portanto, o elo entre o que temos e o que queremos para a humanidade.

Resta-me então desejar, por fim, que todos nós utilizemos ao máximo a nossa capacidade para deixar uma pequena contribuição, a qual certamente ficará. Contribuição esta que, se feita com amor e dedicação, trará frutos de vida e esperança para as gerações futuras. N’outras palavras é importante dar sentido à vida, para que sejamos felizes e façamos os outros felizes.

Ronei Costa Martins
Vereador-PT

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Papel da educação no caminho para a cidadãnia.


Ao partirmos do entendimento do conceito de conhecimento, que se da pelo entendimento da natureza das coisas, de suas qualidades e de suas relações que estabelecem por meio das faculdades intelectuais e que o resultado da assimilação deste termo de forma prática acarretará na libertação do individuo, das amarras que o impedem da compreensão do mundo que o cerca, podemos conjecturar que o conhecimento adquirido de forma concreta certamente levará este individuo e a sociedade que estiver inserido a uma maior autonomia, ciente de suas ações e de seus rumos a que se desejar seguir. Podemos pensar ainda que a socialização e ou a democratização deste conhecer libertador através e pelo processo de ensino podem de forma real alavancar uma sociedade, um pais. Partindo desse pressuposto, analisaremos em seguida alguns conceitos que permitirão ao leitor que é possível e é realidade o alavancar e o desenvolver de uma nação pela via do ensino institucionalizado, dentro de um processo pedagógico.

Contrapondo a idéia de fantasia, a professora Silvia Figueirôa, citada no texto “Do império a atualidade: marcas de continuidade na história das universidades (DIAS, 2004), verifica-se que é possível a transformação através de um processo pedagógico:

“não teríamos chegado ao desenvolvimento científico e tecnológico que temos hoje se não tivesse sido construída uma tradição em pesquisa desde, pelo menos, o século XVIII, afirma a professora” (DIAS, 2004).

Afinal, a tradição da pesquisa durante séculos que levou ao desenvolvimento científico e tecnológico não estaria dentro de um escopo pedagógico? Evidente que sim. podemos verificar também que a modernização só é possível e é fruto de uma ação transformadora. Onde não há ação transformadora não haverá processo de modernização.

Assim como houve uma evolução no desenvolvimento cientifico e tecnológico mediante a pesquisas e pesquisas, podemos, através de processos e processos pedagógicos, visando sempre e focando o individuo e suas relações com a sociedade, almejar uma educação de qualidade, uma educação que passou pelo processo de modernização e que já não da mais conta da maneira tradicional de educação ou simplesmente da transmissão de conhecimentos. No entanto, apenas avanço tecnológico não atende a necessidade de uma educação com qualidade.

“O primeiro passo, para a retomada da qualidade na universidade esta dado com os sentimentos de angústia e insatisfação, que decorrem da consciência da perda de qualidade.” (BUARQUE, 1995).

Somando o desejo de melhoria da qualidade a políticas de inclusão de todas as camadas sociais em contato com o saber, teremos uma grande possibilidade de êxito junto a educação. Cabe lembrar aqui que de acordo com o ultima pesquisa sobre IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, o Brasil ficou ao lado do Zimbábue no quesito tempo de estudos (quantidade de anos na escola) de um individuo. De acordo com Neves,

“generaliza-se a convicção de que o desenvolvimento requer cada vez mais, uma decisiva ampliação dos níveis de escolaridade da população” (NEVES, sl.; Sn).

Cabe ressaltar aqui que não bastará mais inclusões se a flexibilidade pedagógica não existir, não preparar o aluno para o presente e para o futuro. Assim, para que a idéia de educação forte de qualidade seja levada adiante, será fundamental o papel da universidade em formar e introjetar na sociedade profissionais compromissados com a transformação, maleáveis no tratamento de suas atividades, conteúdos e compromissos educacionais, sabendo com antecedência como ira avaliar os processos de aprendizagem, uma vez que como e o que se irá trabalhar somado a maneira de se avaliar são a meu ver os dois olhos de todo este processo. O avanço tecnológico, pedagógico e institucional ainda é insuficiente, voltamos na tecla da política publica, é sabido que mesmo diante da ação dotada de intervenções na sociedade por parte da educação sempre será insuficiente, pois a dinâmica das transformações sociais é uma constante. Dado isso, reforça-se a necessidade dessas políticas aliadas aos outros instrumentos transformadores.

Soma-se a isso a responsabilidade e dever das universidades estarem presentes em forma de projetos de inserção, nas comunidades bem como formandos, mas com uma participação que vá alem de um estágio supervisionado. Ainda não basta, para Luckesi

“a sociedade moderna, com a civilização urbana construída ao longo dos séculos de sua formação, passou a exigir a escolarização de todos os cidadãos, mais que isso, todo o cidadão, para usufruir medianamente dos bens construídos por esta sociedade, necessita de escolarização” (LUCKESI, 1999).

Todo esforço para a democratização do ensino poderá ser desqualificada no momento da avaliação da aprendizagem., Luckesi, afirma que:

“uma avaliação escolar conduzida de forma inadequada pode possibilitar a repetência e esta tem conseqüências na evasão. Por isso, uma avaliação escolar realizada, com desvios, pode estar contribuindo significativamente para um processo que inviabiliza a democratização do ensino. Testes mal elaborados, leitura inadequada e uso insatisfatório dos resultados, autoritarismo, etc são fatores que tornam a avaliação um instrumento antidemocrático no que se refere a permanência e terminalidade educativa dos alunos que tiveram acesso a escola”. (LUCKESI, 1999)

As assertivas de Luckesi nos fazem pensar na importância da avaliação no momento do planejamento do curso, da disciplina e das aulas. Se traçarmos e equacionarmos todo o percurso a ser trilhado, a avaliação certamente será levada adiante sem maiores obstáculos. Assim, parafraseando Luckesi, a avaliação seria positiva quando esta é aplicada para avaliar o caminho didático-pedagógico percorrido. Uma avaliação ganha caráter positivo quando ela atrai o aluno para que ele também desperte para uma analise critica de si mesmo, possibilitando-o a enxergar sua própria evolução e trajetória. Para tanto, caberá ao professor na relação com o aluno, subtrair da avaliação o caráter inibidor muitas vezes trazido pela avaliação. Diante desta angustia da avaliação, Léa Depresbiteris nos assinala que:

“o que se percebe é que quanto mais se eleva o aluno a atingir níveis mais complexos de raciocínio, maior grau de autonomia e participação ele consegue. Um aluno que sabe avaliar seu trabalho, certamente esta muito mais preparado, em termos de aprendizagem, do que um aluno que apenas desenvolve uma tarefa sem julgá-la”. (DEPRESBITERIS, 2006).

Alunos autônomos, com capacidade critica e reflexiva de si mesmo e do mundo que o cerca é e deve ser o foco das instituições de ensino. Um aluno que aprendeu a pensar, a agir de forma independente, certamente será um cidadão pleno de suas certezas e alvos. Uma nação justa passa necessariamente pela cidadania de um povo. A necessidade de se construir sua própria história passa também pela capacidade reflexiva de analisar erros e acertos. Ora, a única instituição que pode libertar o homem para análise de si mesmo e do mundo que o cerca é a escola, é a Universidade. Há comprovações de que países que de alguma forma atrasaram os investimentos em educação tiveram seus níveis de desenvolvimento humano, cientifico e tecnológico minimizados, ferindo a soberania do país, da nação.

Conforme a citação de Neves logo abaixo, é possível compreender que investimento em educação já faz parte da agenda de investimentos do mundo todo.

“O ensino superior no mundo inteiro passou, nos últimos anos, a fazer parte do rol de temas encarados como temas prioritários e estratégicos para o futuro das nações...

...as necessidades do desenvolvimento e com elas o novo perfil da demanda cobram flexibilidade e agilidade, apresentação de alternativas de formação ajustadas as expectativas de rápida inserção num sistema produtivo em constante mudança. O novo mercado de trabalho, que se engendra neste processo de transformações econômicas, mostra-se cada vez mais exigente no tocante ao domínio de conhecimentos, capacidade de aplicá-los criativamente na solução de problemas concretos, espírito de liderança e polivalência funcional, bem como a adaptabilidade a mudança tecnológica”. (NEVES, sl.;sn).

É relevante expressarmos aqui que o ensino fundamental e o ensino superior deverão de forma mais ativa ampliar o seu relacionamento com as comunidades onde se inserem visando e propondo alternativas de mudança.

O engessamento de ações desse tipo fazem com que a escola e a universidade se tornem instituições obsoletas, que não interferem em seus contextos levando a missão do ensino ao campo da utopia em detrimento da transformação da realidade. Agindo de forma ativa, as instituições de ensino poderão contribuir de duas formas: formando e introjetando na sociedade profissionais capacitados e compromissados com a mudança e ainda tendo a própria instituição presente e participante na comunidade em que se insere.

Referencias bibliográficas:

BUARQUE, Cristovam. Universidade para a crise. Advir, Rio de Janeiro, nº6, jul. 1995, p. 36-48

DEPRESBITERIS, Léa. Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico-científico e filosófico-político. Série Idéias, n. 8. São Paulo: FDE, 1998. p. 161-172>. Acesso em: 03 mar. 2006.

DIAS, Susana. Do império à atualidade: marcas de continuidade na história das universidades. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/universidades/uni03.shtml. Acesso em: 4 ago. 2004.

LUCKESI, Cipriano. Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino? In: ______. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1999. p. 60-66.

NEVES, Abílio Afonso Baeta. O ensino superior. [S.l.: s.n].

Denis Matias, 12-11-10

sábado, 30 de outubro de 2010



Resolução de problemas

Embora não se possa afirmar que todas as teorias de resolução de problemas acreditem que todos os problemas sejam solúveis, elas tendem a partir dessa premissa e ainda de outra: a educação ganha em taxa de utilidade, se for percebida como uma ferramenta que ajuda as pessoas no dia‑a‑dia. Esse dia-a-dia é geralmente definido como estoque de problemas, sobretudo de mercado, e a educação, desde que dotada de certas qualidades, poderia auxiliar a enfrentá-los. Entre essas qualidades, podem aparecer: não ficar apenas na teoria, não se restringir a memorizar, saber relacionar um problema com o outro, planejar as ações, e assim por diante. Em certos países, com destaque absoluto para os Estados Unidos, essa teoria vincula-se facilmente à centralidade do mercado na vida das pessoas e da sociedade, por conta da doutrina liberal capitalista. É preciso saber enfrentar a vida, que não é fácil no contexto arduamente competitivo. No fundo, a educação é importante, porque ajuda a competir. Essa marca é hoje ainda mais saliente, porque a economia tornou‑se intensiva de conhecimento.

Assim, o que temos de aprender na vida não é propriamente a resolver os problemas, mas a administrá‑los com inteligência. Primeiro, deve‑se reconhecer que, dialeticamente falando, toda realidade é problemática, não porque contenha defeito, mas porque é dinâmica, precisamente dialética. Segundo, nem todos os problemas teriam solução, porque sequer saberíamos apontar todos e menos ainda dar conta de todos. Terceiro, cada solução nova também inventa novos problemas. Quarto, a realidade sem problemas não seria real. Quando nos colocamos, por exemplo, o desafio da educação flexível e que sabe aprender sempre, temos em mente jamais uma realidade devassável, plana, linear, mas outra complexa, dinamicamente problemática, maior que nossa cabeça, nossas teorias e práticas. Não há nenhuma inteligência na idéia de acabar com os problemas, porque seria o modo de torná-los ainda mais problemáticos. Isso representaria uma visão positivista, tipicamente reducionista de conhecimento que pretende dar conta de tudo, porque reduziu o todo a seu próprio tamanho. Os problemas só são totalmente solúveis, quando reduzidos àqueles que sabemos solucionar linearmente, dentro da ditadura do método. É exatamente assim que procede a ciência moderna: reduz a realidade àquilo que seus métodos podem captar e declara o restante como irrelevante, secundário, quando não‑inexistente.

Em vez da visão positivista linear, seria mais educativo cultivar outra de caráter dialético e histórico-estrutural. Os problemas não manifestam apenas a dureza da vida, as desigualdades sociais, o sofrimento, mas, na outra face da mesma moeda, assinalam a dinâmica da realidade, sempre em polvorosa. Sinalizam o sinal dos tempos em que tudo deixa sua marca. Indicam o contexto espacial, onde tudo está de alguma forma embutido. Há estruturas, por certo, porque as coisas não acontecem de qualquer maneira e a história não pode ser simplesmente inventada. O ser humano faz sua história, mas dentro de condições dadas, como diz o materialismo histórico. Contudo, há história, que não é apenas um rito de passagem, mas uma referência explicativa, tanto quanto a estrutura. Há, assim, problemas que não passam, porque mais propriamente passamos por eles.

Nesse sentido, nada é mais simples na vida do que encontrar problemas. São muito mais abundantes do que as soluções. Vale dizer certamente que é necessário ir atrás das soluções, não só empilhar problemas. Em termos educacionais, será o caso encontrar um caminho intermediário, que saiba problematizar para também desproblematizar. Saber pensar, todavia, começa sempre pela capacidade de problematizar, porque é a forma inteligente de desproblematizar. Caso contrário, simplificamos, banalizamos, distorcemos em excesso. Basta que saibamos colocar o intento de problematização no seu devido lugar: é uma habilidade propedêutica, não o sentido da coisa. Problematizamos para melhor desproblematizar e, assim fazendo, não caímos na armadilha de querer acabar com os problemas. Com isso, chegamos também ao nível fundamental do saber pensar, que é a importância dos erros. Aprende‑se muito a partir dos desacertos, sobretudo porque nos damos conta de nossa falibilidade. É preciso analisar melhor, olhar mais longe, aprender mais. Só não erra a máquina totalmente linear, reversível, que faz para frente o mesmo que faz para trás, que nada inventa. O aperfeiçoamento constante da aprendizagem permanente é diretamente proporcional aos erros cometidos e às suas retomadas. Nesse sentido, a idéia apressada de resolver os problemas coincidiria com a pretensão de acabar com os erros, cometendo o pior deles.

O espírito crítico é o modo que temos de olhar fundo, de ser impiedoso na análise, de ver sobretudo o que não se quer ver, mas é método. Dele não provém a felicidade. O saber pensar não pode escorregar para o lado mórbido da crítica, que já se compraz em destruir. Educativamente falando, a desconstrução só se completa e ganha significado na reconstrução. Contudo, engana‑se menos quem mantém o espírito crítico. Aprende continuamente quem sabe equilibrar a busca de soluções com o reconhecimento tranqüilo da complexidade das coisas e da vida. Boa parte da aprendizagem inteligente é a busca desse meio-termo escorregadio, reconhecendo-se que solucionar problemas é, principalmente, saber administrá-los bem.

Fonte
RESOLUÇÃO de problemas. [S.l.: s.n.].

Denis - 30.10.2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


A EDUCAÇÃO E SEUS MEANDROS

O campo da educação, como o demais campos do saber, laboratórios e outros meandros do conhecimento e da ciência requerem ousadia para irmos alem do que já esta posto, sendo aplicado. Espera-se do profissional desta área a habilidade na manipulação do conhecimento, dos postulados visando sempre o desenvolvimento de seus alunos,dando-lhes consciência de caminhar com as próprias pernas, transformando-os em sujeitos de capazes transformar a realidade social em que estão inseridos.

Para esta jornada encontraremos pedras no caminho. As dificuldades surgirão sempre que tivermos que intervir no que já esta posto. Uma mudança no caminho gera desconfiança na rota a seguir e medo de onde se pode chegar ou não. O professor certamente encontrará dificuldades ao romper por exemplo com os métodos formais, pois necessitara de aprovação e colaboração de sua escola ou instituição. “os métodos formais envolvem em geral um nível relativamente alto de aulas expositivas e de trabalhos iniciados pelo professor, ao passo que os métodos informais dão mais espaço para a iniciativa das crianças e apresentam oportunidades maiores para o exercício da criatividade e responsabilidade” (FONTANA). O professor que tem como alvo fazer do aluno um individuo critico e autônomo, deverá atentar sempre, ou devo dizer trazer na manga uma alternativa aos métodos formais para que se viabilize a aplicação do método informal. “Isso implicaria, por exemplo, fornecer as crianças os equipamentos e materiais necessários e apresentar-lhes certos problemas, cuja solução os levaria para o tipo de aprendizado detalhadamente especificado de antemão”. (FONTANA). Talvez a maior dificuldade do professor esteja contida exatamente naquilo que se espera dele como virtude, que é a flexibilidade no tratamento com os métodos.

Essa flexibilidade ira fomentar, permitir que o aluno se torne um ser curioso, um investigador de novos conhecimentos e conceitos, e isso o levará a galgar novos degraus, conseqüentemente a academia etc. O componente da curiosidade é o combustível que o fará se mover no universo dos saberes. Espera-se que o professor contribua para a inquietude, para, repito, a instigação da curiosidade, e esta deve ser continua, mas espera-se também que o aluno se apresente como um ser curioso, que se apresente disposto para tanto. Em outras palavras, “saber perguntar é preciso, copiar não é preciso”.

Ao pensarmos no desenvolvimento e estimulo da inteligência do aluno é importante que o professor atue como orientador, um facilitador dos discentes se adaptando ao grau de desenvolvimento deles. Para tanto, será importante após o professor “sentir a classe” a tomada de ações como a “variação dos estímulos”, “mudança de canais de comunicação”, “mostrar entusiasmo”, “uso de marcadores de importância” , “o uso de exemplos”, “solicitar a colaboração da classe”, e “uso adequado da aula expositiva” entre outras medidas. Essas ações possibilitarão um maior entrosamento entre docentes e discentes.

Somando-se a isso, o professor deverá trazer consigo a idéia de que este aluno é um ser social, composto de valores adquiridos em família e que necessitara de uma interação com os seus pares. Para tal tarefa, será necessária a utilização da linguagem para que o aluno desenvolva a expressão do seu pensamento para que ele se contextualize e entenda os personagens a sua volta e a sua própria realidade. A linguagem verbal é a linguagem que funcionara como uma locomotiva, que trará consigo as demais linguagens que permearão e possibilitarão a comunicação e a interação. O professor devera ainda estar atento ao bom senso na mediação desta interação entre aluno-professor e aluno-aluno. Já se sabe que criticas inescrupulosas individualizadas direta a um aluno poderá a curto e longo prazo causar danos a sua auto-estima o implicara em prejuízos a sua autonomia. Não podemos esquecer-nos da interação teórica. Ou seja, o aluno devera sincronizar-se e sintonizar-se com a fala do professor caso contrario não haverá interação. Não havendo interação não haverá também construção e reconstrução do conhecimento. Como mencioni no inicio, é necessário instigar no aluno a curiosidade, já que o monopólio da fala aliada ao desentendimento do aluno desencadeara a sonolência ao invés da atitude curiosa. É necessário encontrar um equilíbrio entre a nossa fala e o atual momento do aluno sistematizando o que ele já sabe com nossos objetivos. Podemos equacionar a interação partindo do que o aluno já sabe somada a preponderância de nossa fala e ainda ações interventivas que consistem em identificar, diagnosticar e administrar conflitos e tensões em sala. Dessa forma, acredito ter desenvolvido o alicerce para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e afetivas.

Partindo do simples para o complexo, (cfme Bloom), nos depararemos com o conhecimento, que se da pela compreensão da natureza das coisas, capacidade de armazenar e reconhecer informações. Munido de conhecimento será possível e assim se espera que o aluno possa desenvolver as habilidades da escrita, da nomeação, da definição ampliando assim seu grau cognitivo. A compreensão, seqüência natural após a abstração do conhecimento de acordo com Bloom, permitira que o aluno interprete através de explicações e resumos. A partir da compreensão o aluno ira compreender e interpretar com base no conhecimento prévio. Creio que isso lhe Dara coragem para se aplicar em resoluções de problemas. Com a experiência dessas resoluções, fruto de sua aplicação e iniciativa, ele desenvolvera o senso de analise o que o possibilitar a distinguir, classificar e comparar pressupostos, hipóteses, evidencias para uma determinada questão ou atividade. Sempre em direção a complexidade na tratativa do cnhecimento, após a analise, insere-se na capacidade de síntese, onde será capaz de se relacionar e integrar a idéias que o levara a novos níveis de abstração e apreensão do conhecimento. Ao alcançar o nível da avaliação, o mais complexo, o individuo será capaz de julgamentos, criticas e justificativas. Podemos então discernir a partir de Bloom, que a conexão desses níveis partindo do simples (conhecimento) para o complexo (avaliação) teremos o processo da cognição.

Partindo desse principio do simples para o complexo dentro de uma hierarquia, Bloom ira definir as habilidades afetivas onde a receptividade é o nível mais simples e o complexo de valores mais intrincado. Partindo da receptividade, o nível mais simples, verificamos a existência do desejo de que é possível se desenvolver em um determinado campo, buscando mais conhecimentos delimitando o foco, buscando uma resposta para o desenvolvimento do que se deseja saber ou chegar. Dessa forma o aluno ira mergulhar no universo deste saber pré definido, sempre estimulado ao contato do saber pré existente e dando também sua contribuição. Ou seja, ele esta disposto a ir ao encontro com o novo. Nesse trajeto ira se deparar com limitações próprias do exercício da produção cientifica. Isso fará com que ele entenda os valores, desenvolvendo assim uma aceitações, preferências e compromissos. Assim, haverá um desenvolvimento para a “aceitação de uma situação”, “comprometimento de uma situação” e “lealdade para uma posição, grupo ou causa”. Isso facilitara a organização dos valores, pois será possível “novas internalizações” coroborando ou não com outras já existentes, o que ocasionara uma organização hierárquica de valores. Devidamente então organizados e valorizados, chega-se então ao complexo de valores, onde será possível ao individuo se posicionar, tomando posições fixas pois já é capaz de sistematizar os valores que traz consigo,porem, agora, com uma postura coerente e ética o que nao devera impedir a uma avaliação critica dos fatos.

O percurso para a autonomia do discente é longo e cheio de complexidades, muitas vezes doloroso e injusto. Mas é na trajetória que se da o desenvolvimento. A cada na escola, a complexidade das habilidades cognitivas e afetivas se direcionam para o desenvolvimento de um individuo com capacidades avaliativas e de agregação de valores, um individuo contextualizado, hábil para uma vida cidadã plena.

Um erro em uma cirurgia poderá custar a vida do paciente, da mesma forma, um erro na formação deste individuo, implicara na morte da identidade de um pais e seus cidadãos. Cabe aqui uma analogia com o cristianismo, onde o mestre ensinou doze discípulos, e estes foram responsáveis pela vivencia e transmissão dos valores e conceitos apreendidos e que percorreu séculos, sofreu transformações e chegou até o século XXI.

Sinto ser de nossa responsabilidade como mestres, difundir e manipular de forma critica os postulados existentes e contribuir para a continuidade destes. Não me refiro aqui aos dogmas, mas sim ao comprometimento, disponibilidade e desejo de se abraçar a causa. Me refiro a causa da educação com qualidade e criticidade. A causa deve ser levada por pessoas que amem a causa ao invés de amarem simplesmente o canudo, se amarmos a causa, fatalmente amaremos também as pessoas. Ao amarmos a causa e as pessoas, certamente faremos um trabalho eficiente, contribuindo para o nascimento de um ser conhecedor de si, do seu redor, da sua realidade e de seus direitos e deveres.

Referencias bibliográficas:

FONTANA, David. Personalidade, características e estresse do professor [S.l.: s.n.]

CLASSIFICAÇÃO de Bloom. Disponível em:

HTTP://rppalma.googlepages.com/webquest6>. Acesso em: 03 mar 2006

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

"Ditadura eleitoral" ou Mídia golpista?
por: Luciano Alvarenga - Sociólogo.


Democracia nunca foi o forte na América Latina, alias ditadura sempre foi a palavra de comando no continente. Mas já faz algum tempo que eleições e rodizio de poder vêm ocorrendo. A volta da democracia coincidiu com a ascensão do neoliberalismo e a idéia, agora esgotada, de que o mercado tudo resolve e que o Estado quanto menor e menos importante, melhor. Políticos pós ditaduras assumiram o poder e se transformaram em reprodutores aqui daquelas idéias neoliberais. A democracia neste contexto era conveniente por que endossava a cartilha de mercado a venda.

Entretanto, algumas décadas de neoliberalismo só fez aumentar a pobreza, a violência urbana, o trafico de drogas e o favelamento das cidades. Tais conseqüências sociais e econômicas, que se diga também nos paises centrais se fizeram sentir, ainda que de forma menos drásticas, acabaram por levar ao poder na América Latina muitos políticos do centro esquerda do espectro político. Hugo Chaves, Rafael Correa, Evo Morales, Lula, Fernando Lugo, Tabare Vazquez estão entre eles.

Depois dos desmandos políticos ditatoriais e a implantação acritica de modelos econômicos importados, a consolidação da democracia no continente tem acontecido mediante a universalização de políticas sociais, o acesso generalizado dos mais pobres a programas de renda mínima, e por conseqüência a eleição e reeleição de políticos com trajetória nas lutas sociais e políticas na América Latina.

A chegada da esquerda ao poder, a implantação de fortes políticas sociais somadas a regularidade eleitoral esvaziou o discurso dos políticos de direita, esvaziamento agravado com a crise financeira e ideológica acontecida nos Estados unidos em 2008. A consolidação eleitoral da esquerda e os ganhos sociais obtidos pela população vêm gerando na mídia tradicional e nos meios políticos conservadores forte reação. É parte desta reação a tentativa de vender a idéia de que reeleição - implantada em muitos paises, inclusive Brasil, pela própria direita ou partidos de centro - é na verdade expressão de uma espécie de caudilhismo ou ditadura que a mídia vem divulgando como "ditadura eleitoral". Quando Uribe presidente da Colômbia busca reeleição é vontade popular, quando Chaves da Venezuela o faz é ditadura eleitoral.

Quando a democracia era conveniente a implantação de políticas econômicas neoliberais que expropriava direitos e aumentava o fosso entre pobres e ricos, ela era propagandeada como a única alternativa para o desenvolvimento via mercado. Agora que o mercado salvador faz água e é questionado em todo lugar e por todo mundo minimamente sério, a mídia tradicional questiona os processos eleitorais e a legitimidade da população em dizer se pretende como quer e como agir diante de um vácuo ideológico que possibilita a emergência do Estado como elemento básico e necessário ao desenvolvimento social e econômico dos povos latino americanos.

Diga-se que ninguém esta propalando a morte do mercado, muito pelo contrario, por todo canto se entoa as vantagens e os ganhos de uma sociedade de livre mercado. O que esta em questão é o papel e a presença do Estado na construção de uma sociedade mais equilibrada e equânime. Mas o problema da mídia também não é exatamente o Estado e suas funções na sociedade, mas o fato de que seus representantes políticos e os homens que a representam junto aquele Estado foram apeados do poder. Estão sem discurso não possuem projeto alternativo a falência do neoliberalismo, e, portanto, estarão por algum tempo mais, sabe-se lá quanto tempo mais, fora do poder e impedidos de condicionar as forças e as riquezas nacionais de acordo com seus particulares interesses de classe. A mídia questiona a democracia dando-lhe nome de "ditadura eleitoral", por que impossibilitada de apresentar nomes e formular propostas que sejam hegemônicas.

A formação do G20 como fórum decisório da economia mundial, deslocando a importância do G7, retira do centro da cena os Estados Unidos e redefine a posição de países como o Brasil que, a partir de agora terão muito mais margem de manobra para pensarem autonomamente a forma para seu desenvolvimento. Autonomia, soberania e prerrogativa sobre seus próprios desígnios é coisa nova na região, ainda mais quando quem está no poder na maioria dos principais paises Latinos são governos de esquerda. Governos de esquerda e autonomia decisória é tudo que políticos conservadores e a mídia tradicional latino americana não suportam; e este é o pano de fundo de quase tudo o que está acontecendo no continente. A questão daqui para frente é avanço democrático ou retrocesso golpista.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

CRESCER É PRECISO...

No evangelho de Lucas cap. 2 v. 52 diz: "E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens".
Fica claro, ao menos a minha interpretação e creio que a do leitor também que Jesus crescia em tres frentes em sua vida.
A primeira em sabedoria, pois se nao tivesse crescido em sabedoria seria fatalmente "engolido" pelos fariseus, saduceus e outros ceus daquele período. Cresceu, acredito, para experimentar qual seria a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, seu pai. cresceu em sabedoria para provar as coisas excelentes.Se Jesus não tivesse crescido, as pessoas não confiariam nele, nao o seguiriam, pois ninguem segue quem nada sabe ou acrescenta. Se Jesus não tivesse crescido fatalmente seu ministério teria sido um fracasso, pois nao cumpriria então o seu propósito.
Da mesma forma, devemos tambem crescer em sabedoria, assim como Jesus cresceu, aprendendo, esmerando-se em aprender tanto as questões da biblia como as questões da vida tambem, ja que ambas andam de mãos dadas. Mas por que muitas pessoas não crescem? Por que muitos que possuem muitos anos de igreja, frequentam os cultos, carregam a palavra para cima e para baixo nao crescem, nao produzem frutos? Por que muitos ainda nao conseguem sequer abrir a biblia sem recorrer ao indice com anos de "casa" de Deus? Talvez a resposta esteja em Os 6:3 ou Os. cap. 5? quer saber oi que la esta escrito, verifique agora mesmo!!!
o fracasso bate na porta daqueles que não desejam crescer, que nao tem "gana", desejo forte, para ampliar seus conhecimentos bíblicos, espirituais entre outros. Crescer nao apenas para acumular saberes, mas fundamentalmente para viver na pratica a plenitude da palavra e nao somente na teoria. Estamos fartos de teoria e conceitos. Faz se urgente sairmos da tenda, ou da caverna que seja. Estao fadados a mesmice do saber, pela preguiça, pelo medo de se aventurar no novo, por falta de coragem entre tantas outras barreiras muitos permiten-se ao "esta bom aqui".
Quem nao deseja o crescimento em ambas as áreas da vida, corre o serio risco de se enquadrar em pelo menos um dos tópicos abaixo:

*o risco de ser um adulto com a mentalidade de criança, ou seja, um bobão. Veja 1Co 13:11
*o risco de perder oportunidades impares, mas por estar preso a mesmice, inserido no senso comum, mais um na massa, perdera fatalmente oportunidades.
*podera ter uma vida atrofiada, estacionada, parada, como uma parte do corpo que por alguma anomalia nao se desenvolveu, ficou parado no tempo. Leia Hb 5:12
*corre o serio risco, se ja nao estiver, com uma vida seca, conforme Mt 21:19. Uma arvore seca, sem frutos.

Para crescermos, o nosso foco deve estar em Jesus, Ele disse: "eu vim para que tenham vida, e vida em abundancia".

Crescer é preciso, viver nao é preciso...

Denis 15-08-10 - 22:50