segunda-feira, 22 de novembro de 2010

APRENDER A MORRER
Ronei Costa Martins - vereador PT.

Na vida há assuntos intrínsecos à condição humana que evitamos, como se fosse possível distanciá-los pelo simples fato de não se pensá-lo. Comigo nunca foi assim. Fico intrigado com aquilo que as pessoas insistem em não querer discutir e vasculho uma resposta que possa aquietar o coração. Nem sempre consigo, aliás, na maioria das vezes não consigo! É assim com a morte.

Esta senhora inevitável personagem importante nas religiões baseadas na teologia do medo é a protagonista de inúmeras produções literárias, musicais, audiovisuais e ensaios filosóficos, tudo visando satisfazer a ânsia de melhor compreendê-la.

Como se sabe é sempre mais fácil tratar deste assunto quando não se está diante da perda de alguém querido, afinal a elaboração do luto em si exige que vivamos o momento sem divagações impertinentes, como as que faço aqui. Então, sem a pretensão de ter a resposta certa, traço estas linhas, antes que seja tarde.

Proponho a seguinte pergunta: Quem sou eu? Se a resposta for ancorada na aparência física, altura, cor dos olhos, cabelos e pele, peso, etc, certamente quando morrer deixarei de existir definitivamente. Agora, se a resposta basear-se nos valores e sentimentos que alicerçam a minha vida, tendo no corpo apenas o espaço físico no qual a essência se manifesta, e se ainda eu for capaz de transmitir esta mesma essência aos que me rodeiam, a morte passa a ser apenas o revelar da verdadeira essência onde a existência passa a acontecer sob outra forma, não mais a corpórea, mas desprendida, livre, quase sem forma, conforme os valores semeados enquanto corpo. É a essência finalmente mudando de morada, habitando n’outros corações.

Figura emblemática é o próprio Cristo. A despeito dos dois milênios que nos separam de sua existência física (material), ainda buscamos nos orientar a partir de seus valores. Eis aí a prova cabal de que Ele mostrou ser possível vencer a morte, numa linguagem cristã, ressuscitar.

É claro que não é tão fácil assim, afinal, a nossa cultura ocidental introjeta conceitos que nos prendem à certa materialidade, deixando-nos incapazes de perceber coisas cuja compreensão exige certo desprendimento. Estamos muito ligados àquilo que se pode capturar pelos sentidos e distantes da energia essencial exalada por todos e cada um. Talvez por isso seja tão difícil discutir a morte.

Enfim, eis a magia: Numa contradição intrigante a noção de morte promove a vida na medida em que se deseja realizar coisas que possam transpirar as nossas crenças para além morte, transcendendo o corpo frágil, ligando-nos ao passado e ao futuro, de modo que se possa repensar o que se foi e antecipar o que se deseja, ou seja, a civilização do amor. Somos, portanto, o elo entre o que temos e o que queremos para a humanidade.

Resta-me então desejar, por fim, que todos nós utilizemos ao máximo a nossa capacidade para deixar uma pequena contribuição, a qual certamente ficará. Contribuição esta que, se feita com amor e dedicação, trará frutos de vida e esperança para as gerações futuras. N’outras palavras é importante dar sentido à vida, para que sejamos felizes e façamos os outros felizes.

Ronei Costa Martins
Vereador-PT

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Papel da educação no caminho para a cidadãnia.


Ao partirmos do entendimento do conceito de conhecimento, que se da pelo entendimento da natureza das coisas, de suas qualidades e de suas relações que estabelecem por meio das faculdades intelectuais e que o resultado da assimilação deste termo de forma prática acarretará na libertação do individuo, das amarras que o impedem da compreensão do mundo que o cerca, podemos conjecturar que o conhecimento adquirido de forma concreta certamente levará este individuo e a sociedade que estiver inserido a uma maior autonomia, ciente de suas ações e de seus rumos a que se desejar seguir. Podemos pensar ainda que a socialização e ou a democratização deste conhecer libertador através e pelo processo de ensino podem de forma real alavancar uma sociedade, um pais. Partindo desse pressuposto, analisaremos em seguida alguns conceitos que permitirão ao leitor que é possível e é realidade o alavancar e o desenvolver de uma nação pela via do ensino institucionalizado, dentro de um processo pedagógico.

Contrapondo a idéia de fantasia, a professora Silvia Figueirôa, citada no texto “Do império a atualidade: marcas de continuidade na história das universidades (DIAS, 2004), verifica-se que é possível a transformação através de um processo pedagógico:

“não teríamos chegado ao desenvolvimento científico e tecnológico que temos hoje se não tivesse sido construída uma tradição em pesquisa desde, pelo menos, o século XVIII, afirma a professora” (DIAS, 2004).

Afinal, a tradição da pesquisa durante séculos que levou ao desenvolvimento científico e tecnológico não estaria dentro de um escopo pedagógico? Evidente que sim. podemos verificar também que a modernização só é possível e é fruto de uma ação transformadora. Onde não há ação transformadora não haverá processo de modernização.

Assim como houve uma evolução no desenvolvimento cientifico e tecnológico mediante a pesquisas e pesquisas, podemos, através de processos e processos pedagógicos, visando sempre e focando o individuo e suas relações com a sociedade, almejar uma educação de qualidade, uma educação que passou pelo processo de modernização e que já não da mais conta da maneira tradicional de educação ou simplesmente da transmissão de conhecimentos. No entanto, apenas avanço tecnológico não atende a necessidade de uma educação com qualidade.

“O primeiro passo, para a retomada da qualidade na universidade esta dado com os sentimentos de angústia e insatisfação, que decorrem da consciência da perda de qualidade.” (BUARQUE, 1995).

Somando o desejo de melhoria da qualidade a políticas de inclusão de todas as camadas sociais em contato com o saber, teremos uma grande possibilidade de êxito junto a educação. Cabe lembrar aqui que de acordo com o ultima pesquisa sobre IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, o Brasil ficou ao lado do Zimbábue no quesito tempo de estudos (quantidade de anos na escola) de um individuo. De acordo com Neves,

“generaliza-se a convicção de que o desenvolvimento requer cada vez mais, uma decisiva ampliação dos níveis de escolaridade da população” (NEVES, sl.; Sn).

Cabe ressaltar aqui que não bastará mais inclusões se a flexibilidade pedagógica não existir, não preparar o aluno para o presente e para o futuro. Assim, para que a idéia de educação forte de qualidade seja levada adiante, será fundamental o papel da universidade em formar e introjetar na sociedade profissionais compromissados com a transformação, maleáveis no tratamento de suas atividades, conteúdos e compromissos educacionais, sabendo com antecedência como ira avaliar os processos de aprendizagem, uma vez que como e o que se irá trabalhar somado a maneira de se avaliar são a meu ver os dois olhos de todo este processo. O avanço tecnológico, pedagógico e institucional ainda é insuficiente, voltamos na tecla da política publica, é sabido que mesmo diante da ação dotada de intervenções na sociedade por parte da educação sempre será insuficiente, pois a dinâmica das transformações sociais é uma constante. Dado isso, reforça-se a necessidade dessas políticas aliadas aos outros instrumentos transformadores.

Soma-se a isso a responsabilidade e dever das universidades estarem presentes em forma de projetos de inserção, nas comunidades bem como formandos, mas com uma participação que vá alem de um estágio supervisionado. Ainda não basta, para Luckesi

“a sociedade moderna, com a civilização urbana construída ao longo dos séculos de sua formação, passou a exigir a escolarização de todos os cidadãos, mais que isso, todo o cidadão, para usufruir medianamente dos bens construídos por esta sociedade, necessita de escolarização” (LUCKESI, 1999).

Todo esforço para a democratização do ensino poderá ser desqualificada no momento da avaliação da aprendizagem., Luckesi, afirma que:

“uma avaliação escolar conduzida de forma inadequada pode possibilitar a repetência e esta tem conseqüências na evasão. Por isso, uma avaliação escolar realizada, com desvios, pode estar contribuindo significativamente para um processo que inviabiliza a democratização do ensino. Testes mal elaborados, leitura inadequada e uso insatisfatório dos resultados, autoritarismo, etc são fatores que tornam a avaliação um instrumento antidemocrático no que se refere a permanência e terminalidade educativa dos alunos que tiveram acesso a escola”. (LUCKESI, 1999)

As assertivas de Luckesi nos fazem pensar na importância da avaliação no momento do planejamento do curso, da disciplina e das aulas. Se traçarmos e equacionarmos todo o percurso a ser trilhado, a avaliação certamente será levada adiante sem maiores obstáculos. Assim, parafraseando Luckesi, a avaliação seria positiva quando esta é aplicada para avaliar o caminho didático-pedagógico percorrido. Uma avaliação ganha caráter positivo quando ela atrai o aluno para que ele também desperte para uma analise critica de si mesmo, possibilitando-o a enxergar sua própria evolução e trajetória. Para tanto, caberá ao professor na relação com o aluno, subtrair da avaliação o caráter inibidor muitas vezes trazido pela avaliação. Diante desta angustia da avaliação, Léa Depresbiteris nos assinala que:

“o que se percebe é que quanto mais se eleva o aluno a atingir níveis mais complexos de raciocínio, maior grau de autonomia e participação ele consegue. Um aluno que sabe avaliar seu trabalho, certamente esta muito mais preparado, em termos de aprendizagem, do que um aluno que apenas desenvolve uma tarefa sem julgá-la”. (DEPRESBITERIS, 2006).

Alunos autônomos, com capacidade critica e reflexiva de si mesmo e do mundo que o cerca é e deve ser o foco das instituições de ensino. Um aluno que aprendeu a pensar, a agir de forma independente, certamente será um cidadão pleno de suas certezas e alvos. Uma nação justa passa necessariamente pela cidadania de um povo. A necessidade de se construir sua própria história passa também pela capacidade reflexiva de analisar erros e acertos. Ora, a única instituição que pode libertar o homem para análise de si mesmo e do mundo que o cerca é a escola, é a Universidade. Há comprovações de que países que de alguma forma atrasaram os investimentos em educação tiveram seus níveis de desenvolvimento humano, cientifico e tecnológico minimizados, ferindo a soberania do país, da nação.

Conforme a citação de Neves logo abaixo, é possível compreender que investimento em educação já faz parte da agenda de investimentos do mundo todo.

“O ensino superior no mundo inteiro passou, nos últimos anos, a fazer parte do rol de temas encarados como temas prioritários e estratégicos para o futuro das nações...

...as necessidades do desenvolvimento e com elas o novo perfil da demanda cobram flexibilidade e agilidade, apresentação de alternativas de formação ajustadas as expectativas de rápida inserção num sistema produtivo em constante mudança. O novo mercado de trabalho, que se engendra neste processo de transformações econômicas, mostra-se cada vez mais exigente no tocante ao domínio de conhecimentos, capacidade de aplicá-los criativamente na solução de problemas concretos, espírito de liderança e polivalência funcional, bem como a adaptabilidade a mudança tecnológica”. (NEVES, sl.;sn).

É relevante expressarmos aqui que o ensino fundamental e o ensino superior deverão de forma mais ativa ampliar o seu relacionamento com as comunidades onde se inserem visando e propondo alternativas de mudança.

O engessamento de ações desse tipo fazem com que a escola e a universidade se tornem instituições obsoletas, que não interferem em seus contextos levando a missão do ensino ao campo da utopia em detrimento da transformação da realidade. Agindo de forma ativa, as instituições de ensino poderão contribuir de duas formas: formando e introjetando na sociedade profissionais capacitados e compromissados com a mudança e ainda tendo a própria instituição presente e participante na comunidade em que se insere.

Referencias bibliográficas:

BUARQUE, Cristovam. Universidade para a crise. Advir, Rio de Janeiro, nº6, jul. 1995, p. 36-48

DEPRESBITERIS, Léa. Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico-científico e filosófico-político. Série Idéias, n. 8. São Paulo: FDE, 1998. p. 161-172>. Acesso em: 03 mar. 2006.

DIAS, Susana. Do império à atualidade: marcas de continuidade na história das universidades. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/universidades/uni03.shtml. Acesso em: 4 ago. 2004.

LUCKESI, Cipriano. Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino? In: ______. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1999. p. 60-66.

NEVES, Abílio Afonso Baeta. O ensino superior. [S.l.: s.n].

Denis Matias, 12-11-10