sábado, 18 de junho de 2011

CORDA BAMBA

Corda Bamba - Artigo J. O Globo 18/06/2011

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Em vários locais, a juventude está indo às praças; no mundo árabe, lutando pela democracia, acampados nas praças, como a Tahrir, no Egito; nos países europeus, por emprego, como na Praça Catalunha, em Barcelona, e no Portal Del Sol, em Madri. Tanto no mundo democrático da Europa, quanto no Egito sem democracia, a juventude está carente de mudanças, descontente com os rumos da sociedade em que vive. Seja por falta de democracia, de emprego, de paz, de lazer ou de cultura.
No Brasil isso não está acontecendo. Aparentemente, nossos jovens estão contentes, mas, na verdade, eles não percebem a corda bamba por onde caminham ao longo da vida.
A infância, a adolescência e a juventude brasileira caminham sobre uma corda bamba, da qual milhões vão caindo antes mesmo de chegar à idade adulta.
Logo no início da vida, crianças caem da corda bamba por falta de uma UTI infantil ou porque as mães são desprezadas pelos pais e terminam abandonando o recém-nascido. Milhões de crianças, que sobrevivem às primeiras horas de vida, continuam na corda bamba por falta de comida, de brinquedos, de estímulos educacionais, sem escolas maternais e sem o acompanhamento de mães preparadas ou de creches com qualidade. Caem da corda antes mesmo de começarem a caminhar.
Das que sobrevivem aos primeiros anos, milhões nem ao menos conseguem chegar à escola. Depois de caminhar alguns anos na corda caem logo depois, por não conseguirem entrar na escola, ficarem sem o desenvolvimento intelectual necessário e seguirem na vida sem as ferramentas básicas necessárias à vida moderna, tais como, emprego, renda e acesso a serviços essenciais.
Mesmo as que entram na escola, continuam caminhando sobre a corda bamba. A pobreza das famílias e a má qualidade da escola expulsam a maioria delas antes mesmo do fim do ensino médio. São derrubadas da corda, jogadas no chão, sem alternativas. Das que concluem o ensino médio, mais da metade não teve um ensino de qualidade e, por isso, não entrará no ensino superior, nem em um curso profissionalizante competente, ou entrará, mas abandonará o curso por incapacidade de segui-lo até o fim. Pode até obter um diploma, porém sem conhecimento superior e ficará sem emprego de nível e renda superiores.
Ao longo de todo esse tempo, e mesmo depois, essas crianças, adolescentes e jovens estarão em uma corda bamba que ameaça derrubá-las pela morte violenta antes do tempo, pela droga que age como o motor do balanço da corda por onde caminham os jovens.
Um amigo, uma decepção, uma cobrança, o simples trago em um cigarro errado ou num copo de bebida pode empurrar o jovem para a queda com uma pequena chance de recuperação.
Mesmo os que não caem por força do empurrão das drogas, caem pela ociosidade, sem escola e sem emprego.
Mas não é apenas a escola sem qualidade e a falta de renda da família que derrubam crianças. Os adolescentes e jovens de renda média e alta também caminham por uma corda bamba, pela falta de atividades e por causa de uma escola aparentemente boa, em comparação com as péssimas. Ou porque também correm o risco do consumo de drogas ou da droga do consumismo. Move a corda também a alienação da voracidade do superconsumo para aqueles que aparentemente chegaram ao outro lado, mas vivem sacrificando a vida para o enriquecimento sem valor existencial.
E quase sempre se endividando, seja pela dívida consigo mesmo, por não atender aos desejos de consumo de luxo, seja pelo endividamento com os bancos para poder comprar o luxo que deseja. Endividam-se pelos desejos de compras não realizadas ou com os bancos pelo financiamento para realizá-los.
Concorre para mover a corda a corrupção na política. Não apenas pelo desperdício de recursos públicos que vão para os bolsos de alguns, em vez de ir para as políticas públicas, com investimentos para os jovens. Pesam também a decepção e a alienação que excluem os jovens da participação política.
No Brasil, atravessar os anos antes da vida adulta é caminhar sobre uma corda bamba, balançando constantemente diante da omissão do setor público, da desarticulação das famílias, da necessidade de consumo, da violência da droga e, sobretudo, por falta do estável terreno da educação de qualidade assegurada a todos.
cristovam BUARQUE é senador (PDT-DF).

quinta-feira, 2 de junho de 2011

SOBRE CONSUMO E CONSUMISMO

Consumismo é o ato de consumir produtos e/ou serviços, indiscriminadamente, sem 

noção de que podem ser nocivos ou prejudiciais para a nossa saúde ou para o 

ambiente. Há várias discussões a respeito do tema, entre elas o tipo de influência que 

as empresas, por meio da propaganda e da publicidade, bem como a cultura industrial, 

por meio da TV e do cinema, exercem nas pessoas. Muitos alegam que elas induzem 

ao consumo desnecessário, sendo este um fruto do capitalismo e um fenômeno da 

sociedade de agora.


O consumo e consumismo humano

A diferença entre o consumo e o consumismo é que no consumo as pessoas adquirem somente aquilo que lhes é necessário para sobrevivência. Já no consumismo a pessoa gasta tudo aquilo que tem em produtos supérfluos, que muitas vezes não é o melhor para ela, porém é o que ela tem curiosidade de experimentar devido às propagandas na TV e ao apelo dos produtos de marca. No entanto, a definição de necessidade supérfluas é algo relativo, já que um produto considerado supérfluo para alguém pode ser essencial para outra, de acordo com as camadas sociais a que a população pertence. Isso pode gerar violência, pois as pessoas que cometem crimes na maioria das vezes não roubam ou furtam nada por necessidade, e sim por vontade de ter aquele produto, e de não ter condições de adquirí-lo. Nesses casos, a necessidade de consumo se torna uma doença, uma compulsão, que deve ser tratada para evitar maiores danos à pessoa. Muitas vezes o consumismo chega a ser uma patologia comportamental. Pessoas compram compulsivamente coisas que elas não irão usar ou que não têm utilidade para elas apenas para atender à vontade de comprar.
A explicação da compulsão pelo consumo talvez possa se amparar em bases históricas. O mundo nunca mais foi o mesmo após a Revolução Industrial. A industrialização agilizou o processo de fabricação, o que não era possível durante o período artesanal. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos industrializados. Além disso, trouxe também várias conseqüências negativas por não se ter preocupado com o meio ambiente. A Revolução Industrial do século XVIII transformou de forma sistemática a capacidade humana de modificar a natureza, o aumento vertiginoso da produção e por consequência da produtividade barateou os produtos e os processos de produção, com isso milhares de pessoas puderam comprar produtos antes restritos às classes mais ricas.
A sociedade capitalista da atualidade é marcada por uma necessidade intensa de consumo, seja por meio dos mercados internos, seja por meio dos mercados externos, já que um aumento do consumo, registra-se uma maior necessidade de produção, que para atender a esta demanda gera cada vez mais empregos, que aumentam a renda disponível na economia e que acaba sendo revertida para o próprio consumo. O excesso de todo este processo leva a uma intensificação da produção e consequente aumento da extração de matérias-primas e do consumo de energia, muitas vezes, de fontes não-renováveis.
Às vezes, uma pessoa compra pela influência de outras,que na verdade, também são influenciadas pelas propagandas, filmes, revistas e etc. Ou seja, a sociedade cria um padrão, que tende a ser seguido pelas pessoas. Algumas mulheres, por exemplo, geralmente escolhem um corte de cabelo, roupas, sapatos e acessórios da moda com base em alguma atriz famosa.
[editar]Os comportamentos de compra
Segundo psicossociólogos, os consumidores tem o seguinte comportamento na hora de comprar um produto:
§  Racional: O consumidor sabe o que quer comprar e compara preços. As vezes influencia-se pela promoção e pela publicidade, mas o resultado pode ser o oposto caso se sentir enganado.
§  Impulsivo: O ato de comprar serve para canalizar o estresse, reforçado pelo próprio shopping-center ou supermercado, produzindo uma sensação de prazer imediato.
§  Compulsivo: Para esse tipo de comprador, a necessidade de comprar é comparável à de um viciado em drogas. Para os psiquiatras, trata-se de um sintoma de uma desordem emocional. O consumo se dá como uma forma de compensar um vazio, de sentir-se acompanhado, ainda que seja por um objeto.
Há também todo um processo de estimulo dos sentidos das pessoas que se dá no processo de compra. Para algumas pessoas o estímulo é visual, quando estas vêem algo e querem possuí-lo, já outras têm o estimulo olfativo, e por fim o auditivo.
[editar]Tipos de consumidores
[editar]Consumidor individualista
O consumidor individualista é aquele que está preocupado com seu estilo de vida pessoal. Nesse caso compra pelo desejo e prazer de ter o que quer.
[editar]Consumidor eficiente
O consumidor consome de modo eficiente, cuidando do seu bolso e do seu gosto. Costuma pesquisar preços antes da compra e zela pela qualidade dos serviços e produtos que consome.
[editar]Consumidor consciente
O consumidor acredita na possibilidade de contribuir para mudanças locais e planetárias por meio de seu ato de consumo.
[editar]Consumidor responsável
O consumidor leva em consideração as informações recebidas sobre produtos e empresas. Sendo assim, não compra um produto se receba a informação dizendo, por exemplo, que ele ou empresa que o produz prejudicam o meio ambiente.
[editar]Bibliografia
§  Isto é tudo - O livro do conhecimento. São Paulo:três, s.d. p. 174-7.
§  Caderno temático A nutrição e o consumo consciente. São Paulo: Instituto Akatu, 2003.

Consumo E Consumismo: Diferenças, Necessidades E Reflexões

Duas palavras com a mesma raiz, muito semelhantes, mas com significados, implicações nas vidas das pessoas e motivos muito diferentes.
Consumo é alguém adquirir, aproveitar bens, produtos, para satisfazer reais necessidades. Consumimos água e alimentos para podermos sobreviver. Comprar roupas é uma atividade de consumo motivada por uma necessidade real, precisamos nos vestir para vivermos numa sociedade que não aceita a nudez no dia a dia, também para agasalhar nossos corpos do frio, da chuva. Consumimos energia elétrica para que tenhamos uma série de confortos em nossas casas, ambientes de trabalho, mesmo porque hoje em dia é quase inimaginável nossa sociedade funcionando sem energia elétrica. Ou seja, o consumo se baseia em necessidades primordiais para o homem e para a sociedade na qual vive (o que pode variar de pessoa para pessoa, de sociedade para sociedade, porém). Até aqui, vemos que o consumo é uma atividade vital.
O consumismo, por outro lado, é o ato, ou hábito, de adquirir produtos em geral supérfluos sem que haja necessidade real, de maneira muitas vezes compulsiva, gerando até mesmo problemas financeiros para as pessoas, que desviam parte do dinheiro que seria empregado para fins mais necessários para compras sem necessidade. Há quem chegue a graus extremos de consumismo, comprando montes de coisas sem nem saber o que são, para que servem, e depois se arrependem ao ver que perderam dinheiro e criaram dificuldades financeiras para elas mesmas, por vezes sentem-se culpadas, mas não conseguem evitar que essas atitudes consumistas e negativas se repitam. Mesmo sem falar de casos extremos, as atitudes consumistas não costumam levar a fim positivo nenhum. Compra-se por comprar, não se satisfaz de verdade necessidade alguma, mesmo que temporariamente isso pareça acontecer.
Em nossa sociedade atual, o consumismo é incentivado pelas empresas, na mídia, mesmo os indivíduos passam a achar que é "correto", necessário até. Muitos o entendem como sinal de status, de riqueza, de estar "antenado" com as novidades do mercado. Outros consomem vorazmente para gerar uma (falsa e transitória) sensação de bem-estar interior, como se fosse urgente, vital comprar algo para se sentirem em paz, ou mais felizes.
Que uma "shopping-terapia" às vezes faz bem não se pode negar. Você se dar um presente quando está triste, ou quando quer se fazer um agrado, ou a outra pessoa, por achar que merece, isso é válido e melhora o astral, sim. Mas quando a "shopping-terapia" é frequente, útil para preencher um vazio interior que não se entende ou amainar uma dor, uma necessidade gritante, é hora de parar e refletir, procurando entender o que acontece.
Muito diferente do "luxo útil" que já citei em outro artigo, o consumismo desenfreado é mais um sinal de alerta do que de satisfação de uma necessidade verdadeira. Por que alguém se deixa levar pela mídia, por exemplo, e passar a ser uma pessoa consumista, que acha que estará e/ou será melhor se trocar de celular a cada 6 meses, ou todo ano comprar um carro novo, toda semana comprar uma peça de roupa nova...? Será que faltam alguns valores e certezas internos nessa pessoa, do tipo "meu valor e qualidade como pessoa não se medem pelo que tenho, mas pelo que sou de verdade"? Talvez sim. Talvez a pessoa esteja confusa e ache que o consumismo é a atitude certa em nosso mundo atual, já que ela é bombardeada por mensagens para que compre, compre, compre... Talvez tenha atitudes consumistas (consciente ou inconscientemente) para se sentir aceita num grupo, ou demonstrar estar num "nível superior" perante outros e "levantar" uma autoestima comprometida. Ou, como já dito, tem no consumismo uma "solução" (paliativa, temporária) para seus problemas, usa-o para esquecê-los.
Só que, como já dito, o bem-estar gerado por tais atitudes, se existe, é efêmero. Os motivos que levaram a pessoa a comprar e comprar não desaparecem, e aí ela permanece nessa roda-viva de compras, gastos, permanência de insatisfações, compras, gastos...
Quando a gente se percebe consumista, e isso gera um mal-estar, pode pintar uma culpa por nossas atitudes. Mas, menos culpa e mais ação. O que já foi feito, passou. Importante daí para frente é tentar entender o que motiva as atitudes, olhar para dentro de nós e avaliar o que acontece. Isso é um processo de autoconhecimento, de redescoberta do eu e de seus valores sinceros. Só assim poderemos encontrar e resolver os conceitos distorcidos que temos, a desorientação que nos acomete, os problemas de autoestima que porventura existam. Poderemos valorizar o que realmente importa, fortalecer-nos internamente e perante mensagens deturpadas externas e internas, fortalecer nossas ideias construtivas, abandonar falsos conceitos. Crer realmente que a satisfação e o bem-estar verdadeiros vêm do SER, e não do TER ou do PARECER.