sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Terra do Nunca ou adolescentes para sempre - Luciano Alvarenga



A sociedade contemporânea pratica o mais fantástico culto a juventude de que se tem noticia na história da humanidade. Nunca os jovens e o viver juvenil foi uma referência tão forte como vemos atualmente. A figura do Adulto desapareceu. Adulto entendido como o que assume responsabilidade de ser adulto, diz o que é certo e errado, faz o papel de chato impondo limites, e, aceita que a juventude e o tempo do descompromisso terminam.
De repente o recreio não termina mais. Pessoas que deveriam estar à frente de suas comunidades, liderando discussões, arregimentando conversas sobre os problemas educacionais, sociais e urbanos da sua cidade ou local onde moram, querem apenas o fruir da vida, o consumo descompromissado e que alguém resolva os problemas, menos eu. Não são raros os que não assumem a educação nem dos filhos que geram. Enquanto isso jovens embriagados morrem ou ficam paraplégicos às centenas nas estradas, os políticos roubam à vista de todos, os adolescentes se entregam as drogas, as crianças se corrompem em frente à TV e os adultos cada vez mais neuróticos pelo carro que não possuem, pelo corpo que precisam ter e, pela juventude que precisam manter ainda que a cada dia mais velhos.
Ninguém quer, nem deseja, nem espera, muito menos pensa sobre a importância para crianças, adolescentes e jovens do fato de que do adulto se espera que seja uma Referencia. Os adultos querem a audiência, o carinho e a vida que levam os adolescentes quando na verdade o que crianças e jovens esperam dos adultos é que sejam educados por estes. Sem saber saem da adolescência se mantendo adolescentes, tem filhos ao mesmo tempo em que continuam sendo filhos. De repente os adolescentes, quando não as crianças, vivem coisas típicas dos adultos sem o menor preparo para isso e pagam caro pela experiência que não deveriam estar vivendo. E os adultos assistem a tudo como se tudo fosse normal, simplesmente por que não conseguem (não querem?) se colocar entre os jovens e um mundo com os limites cada vez mais largos.
Passamos nós os adultos a aceitar o argumento de que os tempos são outros e, que os adolescentes fazem hoje o que jamais pensaríamos em fazer na mesma idade, para apenas mascararmos o fato de que fazem e se comportam da forma como se comportam por que nós, os adultos, abrimos mão de educá-los, formá-los, prepará-los para uma vida que é ela em sua maior parte, cheia de compromissos e responsabilidades. O que estamos assistindo são pessoas, em sua maioria, na casa dos 25 anos para frente incapazes de tocarem a própria vida e assumirem as responsabilidades por si mesmas e pelo que fazem.
Estamos vivendo uma gama imensa de problemas em todos os tons e matizes, desde problemas emocionais, sociais, religiosos e políticos por que simplesmente a sociedade abriu mão de formar as pessoas capazes de resolvê-los. A sociedade ocidental pela primeira vez na história não consegue preparar as crianças para ocuparem seus lugares no mundo dos adultos. E isso por que os adultos agora não querem largar a infância feliz de apenas fazer o que quer e gosta. Adultos fazem o que precisa ser feito e não o que querem.
Embriagados pela Terra do Nunca do mercado e a realização sem fim dos desejos, sejam eles quais forem, os adultos são consumidos pelo mercado que ao mesmo tempo corrompe crianças, infantiliza adultos e engole cidadãos. Aliás, o mercado que corrompe e infantiliza é o mesmo que inventou a idéia de que ele o mercado é o único que deve pensar em tudo e que cada um pense em apenas curtir. Luciano Alvarenga

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PELOS INTESTINOS DA VIDA

Por: Luciano Alvarenga

Você não sabe mais nem o que é bom pra você mesmo? Está se perguntando sobre o que é que está acontecendo com o mundo? A sua sensação é a de que todos estão curtindo a vida, vivendo, aproveitando, e só você não está fazendo nada do que gostaria. 
Por acaso você descobriu que a única coisa com a qual você realmente se envolveu foi com o seu trabalho? A sua filha vai fazer quinze anos e só agora você se deu conta de que ela namora. A sua mulher é ótima e só você não sabe!
Quando você pensa no ano que passou a primeira coisa que lhe vem a memória são as coisas que você não fez? Você sempre tem um carnê para pagar? De repente você se pegou querendo o cargo do seu melhor amigo? A sua casa nova, na verdade lhe custou mais do que vale à pena pagar por ela? 
Por acaso você já está na fase de dizer ao seu filho que ele não pode continuar levando a vida que você adoraria voltar a levar? O ditado “é melhor pingar do que faltar” está familiar em sua boca? O seu carro ganhou mais de você, que você mesmo? 
O seu final de semana tem cheiro de carne queimada e cerveja? A última vez que se olhou no espelho você era magro, quase esbelto? A sua vida amorosa se transformou em explicar o por quê dela não existir mais? 
Você vai quitar a metade da dívida do ano passado com o seu décimo terceiro deste ano? As viagens para o litoral já viraram histórias de fim de semana? Alguma vez você disse que ama seus filhos, mas se pudesse hoje não os teria? 
Você percebeu na última briga em casa que, você se parece mais com o seu pai do que gostaria? O sentimento de que você nasceu na época errada está cada vez mais forte? O seu casamento virou um submarino... ele bóia, mas está afundando? 
Você não entende por que os gays fazem tanto sucesso? Irrita-se quando as mulheres dizem que são melhores do que os homens? Ou melhor, não acha mais graça? No seu trabalho você se sente parte da mobília? A sua filha tem mais histórias com os homens do que você com as mulheres?
Alguma vez você disse ao seu colega de trabalho que, casar ter filhos e formar família é parte da vida? Você fica incomodado quando tem um solteiro na festa dos casados? Passar à tarde com os amigos em volta de uma geladeira cheia de cerveja lhe parece melhor do que cortejar uma mulher? 
Já ficou embriagado em festa de criança? É do tipo que bebe até acabar a cerveja, e é o primeiro a sugerir de buscar a saideira?
A rua lhe parece mais agradável e cheia de coisas que lhe aprazem do que sua casa? É impossível não tomar uma antes de ir para cama? 
Você tem vontade de jogar tudo pro alto, mas não tem coragem de pagar para ver? Não sabe quando foi a última vez que pensou em si mesmo, são e lucidamente? 
Você perdeu a noção do que é realmente importante na vida? Você se conformou que não vai realizar seus sonhos, que a vida é isso aí mesmo, o importante é criar os filhos?
... Então você ainda não entrou no século XXI.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Empresas aconselhadas a contratarem sociólogos




Huambo - O sociólogo José Mulusi Abraão aconselhou hoje, quarta-feira, na cidade do Humabo, as empresas públicas e privadas a contratarem sociólogos para intervirem na solução de conflitos laborais entre funcionários e responsáveis de cargos de direcção, cujo impacto reflecte-se directamente na baixa produtividade.


Falando à Angop, sobre a importância do sociólogo no local de trabalho, José Abraão admitiu que em muitas empresas ocorrem conflitos diversos que, além de "destruírem" o normal ambiente de trabalho, geram intrigas entre colegas e concorrem para a diminuição da produtividade.


Citou, como exemplos, o facto de muitos funcionários desconhecerem totalmente as suas obrigações mínimas no local de trabalho, o autoritarismo dos chefes, a resistência dos trabalhadores em submeterem-se a autoridade dos seus superiores e as influências circundantes que afectam o comportamento dos profissionais no local de trabalho.


Considerou, por esta razão, insubstituível o papel do sociólogo do trabalho, por ser um especialista que se dedica ao estudo objectivo e subjectivo, das relações sociais nos locais de trabalho e as implicações sociais da relação trabalho e técnica.


No entender de José Abraão, as mudanças de direcção que ocorrem em muitas empresas, acarretando consigo novos métodos de trabalho, têm sido, em alguns casos, motivos de conflito que justificariam a contratação dos sociólogos do trabalho, cuja missão principal é a de melhorar o relacionamento dos trabalhadores dentro da empresa


Informou que as transformações que ocorrem no mundo do trabalho, principalmente com a introdução de equipamentos modernos, bem como o comportamento do trabalhador no local de serviço ante os vários problemas que o afectam constituem objecto de permanente e de interesse da sociologia do trabalho.


"Muitos trabalhadores demonstram sérias dificuldades em conviver com situações que soem à mudança. Temos mais chefes autoritários ao invés de líderes que sabem criar empatia com os funcionários e exercer uma autoridade que não seja vandalizada, isto, por si só, justifica a presença dos sociólogos nas empresas", argumentou.


José Mulusi Abraão apontou também como causa de conflitos nos locais de trabalho, o desconhecimento dos papéis de cada funcionário e, sobretudo, o excesso de autoritarismo dos chefes.


Na sua visão, do mesmo modo como as empresas recrutam juristas para solucionarem problemas de fórum criminal envolvendo os seus funcionários, também deviam preocupar-se em contratar sociólogos para prevenirem os funcionários de cometerem qualquer infracção que se configure crime.


"As empresas, em geral a sociedade, ainda não compreenderam a importância dos sociólogos", lamentou, para mais adiante fazer lembrar que a génesis e desenvolvimento da sociologia esteve sempre ligado com as mudanças que ocorreram na sociedade.


A sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Ela divide-se em várias áreas de actuação, entre as quais o trabalho.