Grupos teatrais atuando na cidade, festivais de cinema,
eventos musicais e religiosos, agenda do Teatro Vitória intensa, eventos
ligados as artes circenses, entrada em peças teatrais gratuitas, tudo isso é
importante e válido na agenda cultural de qualquer cidade. Mas que público ou
classe social desejamos impactar culturalmente? Os eventos culturais de Limeira
são dirigidos amplamente para as classes mais abastadas da cidade, para elite
local. Basta atentarmos para os locais (centro da cidade) de eventos e custos
para assistir uma peça teatral por exemplo.
Alem das opções para as elites que, naturalmente, possuem condições de
deslocamento, pagamento de ingressos e entradas, se faz urgente opções para os
bairros periféricos da cidade. Os bairros mais distantes são paupérrimos em
eventos culturais, não são beneficiados por ações deste tipo.
Talvez esteja
equivocado, mas, por que não há projetos culturais para a periferia? Por que os
centros comunitários não são utilizados para práticas de ações culturais? A
existência do centro comunitário se faz ineficiente se não utilizado de forma
inteligente. Precisamos avançar neste sentido. Ações culturais não se resumem
em eventos e peças para as elites, mas também em música, dança, artes visuais
entre outras. Onde estão as aulas de violão, guitarra, contra baixo, bateria,
sax, violino entre tantos outros instrumentos musicais nas periferias? Aulas de
blues, jazz, hip-hop, rap? Onde estão as aulas de dança, sapateado,...?
Não precisa ser sociólogo, antropólogo, cientista político, vereador,
prefeito, governador, presidente da república para entender que a disseminação
de cultura nas periferias fatalmente fará cair os índices de criminalidade
(drogas, assaltos, brigas, assassinatos) abrindo novas oportunidades e perspectivas de vida para muitos. Mas será
que ações como estas são prioridade? O
desejo da periferia é ver presente, lá no bairro longínquo o poder público atuando
de forma eficiente e produtiva. A presença do poder público na periferia,
desenvolvendo-a, faz com que o morador dela se sinta pertencente a cidade,
sujeito dela. A presença de autoridades da cidade a cada
quatro anos nestes locais não resolve.
A
descentralização cultural se faz urgente. Quando isso ocorrer, certamente
Limeira terá um ganho sócio-cultural, não somente para uma pequena parte da
cidade, mas para a parte ou classe social que mais necessita de cultura.
Denis Matias - Professor de Sociologia do Ensino Médio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário