sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Professor, sujeito ou objeto

Por: Luciano Alvarenga


Os partidos políticos estão em crise, há muito não são representativos de coisa alguma - o PT é o último baluarte que cai -, as igrejas perdem fiéis por um lado, e por outro, convertem-se em consórcios para osucesso materialnão mais balizam costumes e valores queintermedeiem a sociedade. O Poder Judiciário agonizante há muitosanos, carrega a pecha - verdadeira - de ser parcialineficientelento e aserviço dos grupos dominantes; o desembaraço com que distribui habeascorpus nas atuais CPIs, evidencia o papel que desempenha no Brasilatual.
Legislativo é outro lado apodrecido das instituições públicas brasileiras. As câmaras municipais Brasil afora atestam e comprovam ograu de atraso em que estamos. A casa Legislativa é um curral dedisputas privadas; o projeto Brasil passa ao largo desse lugar.
Pesquisas recentes revelam o que a população pensa de taisinstituições; o Judiciário e o Legislativo têm uma aceitação positiva deapenas 3 a 4% da população jovem. A descrença é geral. As únicas "instituições" que ainda gozam de prestígio entre os jovens são a famíliae os professorescom uma aceitação de 98%. Com os professores commelhor aceitação que a família. A boa imagem dos professores mesurpreendeu, tendo em vista a falência da educaçãomas chama aatenção para o papel que o professor tem de ter nesse históricomomento.
Diante desse quadro de plena descrença da população com asinstituições, o professor deve assumir uma posição mais impositiva emarcante. É necessário que o professor desempenhe, com mais firmezade propósitossua liderança e seu papel público em sala de aula. Étempo do professor ocupar o vazio de referenciais que se formou. Éfundamental abandonar a posição de vítima e de renegado do Estado, nocaso dos professores públicos e, de alheios e alienados no caso dosprofessores particulares. É ora de assumir a frente dos debates ediscussões com os jovenspoisafinal, o professor não é o único quesofre e é desprezado neste país.
respeito e a crença ainda delegados aos professores são a chamadapara uma atitude mais efetiva dos docentes neste desancado e desencantado país. O professor, na falta de referências políticas e depessoas que possam ser espelhos de conduta e postura pública, deve colocar-se como alternativa e referência. O professor precisa entendermelhor o que se passa com o país e o mundo; o que se passa com asnovas geraçõessuas demandas e percepções de mundo.
professor precisa remodelar suas velhas fórmulas e posturas emsala e na escolaPrecisa entender que a grande revolução que este paístem que viver é educacional. E issotambém, significa o fim dahegemonia do ensino conteudista. Não confunda recursos multimídia comvanguardismo educacional; o que nos falta não é instrumentomas açãotransformadora.
educação precisa de uma campanha abolicionistasem a qual, permaneceremos 150 anos atrasados em relação aos paísesdesenvolvidas. A sociedade precisa compreender que não há paíspossível e com níveis aceitáveis de inclusão e participação social se aeducação não passar por uma revolução; o que significa dizer que aeducação tem que ser a prioridade fundamental e absoluta da Sociedade, do Estado e das Empresas. O mundo fala o idioma do conhecimento e daprodução do saberPaísnação e povo significam, a um  tempo, acapacidade de transformar a população e a sociedade em sujeito ativo e comprometido com a produção do saber e do conhecimentoDentro dessecontexto o professor é sujeito central, e precisa mais que todos terciência disso.
professor tem que deixar de ser funcionário e assumir o papel deeducadorRomper sua necessidade de domesticar o aluno e enchergá-locomo inferior, e passar a encará-lo como um sujeito que se insere e constrói o conhecimento e o mundo. O professor tem que ser o primeiro aentender a vida como um processo não apenas biológico, mas biográfico,histórico e coletivo.
professor tem um papel histórico a ser realizado, e isso lhe será cobrado pelas gerações vindouras. Ou se assume como sujeito público ecoletivo nesse início de séculoou vai associar-se aos caídos homenspúblicos da política, do judiciário e das igrejas.